É preciso ter calma, aperreio não leva a lugar nenhum

Em conversa com o Diretor de Futebol Erasmo Damiani, alguns pontos foram esclarecidos. A torcida ainda estava em dúvida sobre algumas coisas, mas agora há resposta. O planejamento foi definido, então cabe ao torcedor respeitá-lo, não dá para contratar por contratar, há um risco a se correr caso decisões sejam tomadas de forma prematura, apenas por fator emocional.
Então o CRB começa a temporada com um plantel novo, o que dificulta bastante para o clube, mas muda bastante o clima. O primeiro jogo contra o Bahia será diante de um adversário que além de ter um poder aquisitivo maior e pertencer a uma divisão superior, conseguiu manter nove jogadores do time titular, o que dá vantagem a eles, com questão do entrosamento.



O elenco precisava urgentemente de algumas peças, então não dava pra esperar muito de alguns jogadores que demoraram pra definir suas situações. A vinda do Zé Carlos para o clube tem seus lados, que varia entre os mais negativos até aos mais positivos. O jogador se identifica com o clube, com a torcida, com o treinador. Após longa conversa com o presidente Marcos Barbosa, se comprometeu em fazer uma brilhante temporada pelo clube, e até falou que almeja fazer sua melhor temporada pelo CRB em 2019.
A questão da base é bastante delicada. O clube não tem valorizado a camada de jovens, e a necessidade de utilizar as jovens promessas é quase nula. Então ao chegar no clube, Erasmo encara uma realidade completamente diferente da qual está acostumado. No Figueirense, o departamento de futebol profissional era junto da base. No Atlético Paranaense, Palmeiras e Vitória também. Então ao vir para o Galo, o diretor vive uma realidade oposta a qual estava acostumado.
Sua primeira missão é focar no futebol profissional, e se o clube conquistar seus objetivos (que devem ser os mais ambiciosos), a base será trabalhada. Mas como há uma preocupação enorme em acertar os ponteiros do profissional, ainda não há tempo para o clube desenvolver um bom projeto para sua camada de jovens.

Contratações

Um novo modelo de contratações, bem diferente do que estávamos acostumados. O clube agora começa a contratar alguns jogadores mais jovens, mas com certa experiência. Alguns vieram por empréstimo, mas o clube irá oferecer vitrine e poderá ganhar com possíveis vendas. Outros vieram sem contrato, com o clube adquirindo porcentagem de direito sobre o atleta.
A vinda de alguns jogadores passa por análise de toda a direção, incluindo presidente e treinador. Fica difícil contratar jogadores que não são conhecidos por parte do treinador, por isso o mercado fica meio limitado, ainda mais quando o clube não tem um analista de mercado, que pode passar informações sobre jogadores para a direção. E se tem um profissional como este, fica mais fácil saber sobre jogadores, como vem atuando, suas características, etc.
O clube não pode contratar por contratar, isso pode trazer um risco enorme ao planejamento. Então a torcida tem que ter calma, e esperar o momento certo. É melhor aguardar para a vinda de um jogador que possa resolver, do que agir de forma emocional, contratar dez jogadores e depois não ter mais dinheiro pra contratar.
Cada jogador tem seu objetivo traçado. Vieram jogadores mais jovens, mas também vieram jogadores mais cascudos. Você tem, por exemplo, a vinda do Maílson e do Zé Carlos. Ambos se identificam com a torcida e querem ganhar mais respeito por aqui. Além de jogadores que tem uma qualidade individual elevada, e por conta do clube ter focado em contratações de jogadores com um peso salarial menor, ficou mais fácil traze-los, já que havia um orçamento disponível. Por exemplo, a vinda de Mattis, Junior, Igor, Ferrugem.
Não há dúvidas que tirar jogadores de clubes menores, de cidades menores fica mais fácil convence-los. Polaco morava no Acre, recebia um salário baixo, e vem pra cá com a torcida confiando em seu potencial, além de ter uma visibilidade maior, ter um salário maior, ter uma cidade com padrão de vida mais elevado. Então há uma confiança da diretoria nesses jogadores, como há também uma chance destes jogadores crescerem na carreira.

Planejamento

Antes de tudo, é necessário o torcedor entender que o CRB precisa entrar por fora em todas as competições. Tirar o foco é necessário, por mais que a pressão por resultados seja enorme. Mas além disto, a direção não pode sair dizendo que vai brigar por Libertadores e Mundial na temporada, pois há uma pressão pelo que é falado, e se o clube conquista somente um, vão pedir a cabeça de cada um dos diretores.
Então o Galo começa o primeiro semestre com alguns objetivos simples, bem modestos. A classificação para a final do Campeonato Estadual é o primeiro objetivo, o rival é o favorito por ter poder aquisitivo maior e por estar defendendo seu título. Então isso facilita para o Galo, que não vai ter muita pressão em sua campanha.
Nas Copas do Brasil e do Nordeste, o CRB também não tem grande favoritismo. Na primeira, é apenas ir passando fase por fase, em uma chave difícil que conta com Goiás e Bahia. Já na Copa do Nordeste, o nosso grupo é bem complicado. A competição já mostrou que tem seus resultados imprevisíveis, como o Sampaio Corrêa campeão em 2018. Então é primeiro estar entre os quatro classificados do grupo, e depois tentar ir à final.
Para a Série B, a diretoria deve adotar outro planejamento. Irá analisar o que deu certo no primeiro semestre, com quem pode contar, e quem deve contratar. Para a Série B, a direção também acha que o clube deve correr por fora. Não tem obrigação por pressão de acesso, como Sport e Vitória, mas também confia que pode ter a chance de subir. Primeiro é buscar os 45 pontos, e depois o acesso.
O planejamento tem de ser feito assim, com o clube correndo por fora em todas as competições. Sem favoritismo, sem gigantismo, e muito menos com pressão sobre diretoria e jogadores. Claro, os resultados terão que acontecer, mas tudo em seu tempo.

Dificuldades

Uma das principais dificuldades do mercado foi a de convencer os jogadores a aceitar um projeto que incluía jogar um primeiro semestre em competições sem visibilidade nacional. Isso é um fator dominante, e impede bastante o desenvolvimento do clube durante a temporada. O CRB teve de encarar essa realidade muitas vezes ao tentar contratar alguns jogadores, e dá pra entender isto. Os empresários buscam deixar seus atletas em equipes com grande visibilidade, e o Campeonato Alagoano não está incluído nisso. Então a concorrência é desleal, e a Série B acaba permitindo com que o CRB possa ter seu espaço no segundo semestre. A princípio, boas contratações foram feitas, e ao trazer jogadores de clubes menores, o Galo ainda consegue ter atletas que buscam projeção. Ou seja, além de contratar Maílson, Zé Carlos, Ferrugem, Mattis, Junior e Igor que são conhecidos no mercado, o CRB consegue jogadores que estão comprometidos com essa chance, e agora querem ganhar visibilidade por aqui, se destacando e conquistando seus objetivos.
O Galo fez boas contratações, mas só não fez melhores por conta do preconceito que há com a região e com o estado.
Damiani irá ter uma temporada de adaptação, não conhece muito ainda sobre o futebol local, então será difícil para ele expor totalmente suas qualidades. E ao decorrer da temporada, terá o auxílio da direção em desenvolver suas metodologias no clube. É um profissional que fez excelentes trabalhos em categorias de base, e que foi atrapalhado no Vitória por enfrentar uma pressão de resultados, onde a torcida queria jogadores de nome, mas seu planejamento era de ir atrás de jogadores com maior qualidade somente algum tempo depois, na temporada.

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