Baile de gestão do rival, fracassos e elenco caro: o que aprendemos até aqui?

Não há dúvidas, a temporada de 2018 deverá ser esquecida para todo o sempre. O rival voltou a Série B após longos 26 anos sem disputar a competição, e desde sua última participação, viu o CRB disputar a competição 19 vezes, de 1994 à 2017. Neste ano, o investimento feito por parte da diretoria foi o maior dos últimos anos, e era esperado a conquista de excelentes resultados nas competições que o clube disputaria. Mas nada feito, após a perda do título estadual para o rival, o Galo enfrentou uma crise que dura até hoje, e só tem a piorar nos próximos meses.



Primeiro semestre

No início do ano, foi divulgado que a folha salarial do CRB era de R$ 800 mil, e acreditava-se que o alto investimento seria refletido em campo, com a conquista de bons resultados. No início tudo estava ótimo, cinco vitórias nas cinco primeiras partidas. Porém, após uma derrota para o Dimensão Saúde no estadual, as coisas começaram a se complicar. Jogadores que se esperava um rendimento acima da média, não conseguiram o suficiente para agradar o torcedor e a direção, e ao longo do primeiro semestre foram saindo do clube.
O alto investimento, que é até discutível, já que muitos jogadores do elenco não explicavam em campo o que faziam no clube. Jogadores como Ruan, Manoel, Juninho Potiguar, Ayrton não jogavam absolutamente nada. Mas então, soube-se que a folha salarial do rival para o estadual era de incríveis R$ 190 mil. Ou seja, um mês de salário no CRB equivalia a quatro meses no rival. O pior de tudo é que, com uma folha salarial alta, o Galo tinha obrigação de conseguir premiações através da Copa do Brasil e Copa do Nordeste, e conseguiu R$ 3 milhões e 800 mil. Com o valor bruto destas, deu pra pagar quatro meses de salário e sobrar outros R$ 600 mil. O rival, com uma folha mais modesta de R$ 190 mil, só com a participação na fase de grupos do Nordestão, faturou R$ 750 mil, o suficiente para poder pagar os quatro meses, mas claro, precisando arrumar outros R$ 10 mil, já que se a folha era de R$ 190 mil, precisaria de R$ 760 mil para pagar os quatro meses.
Ficando claro aqui que são contados quatro meses por ser o período de começo e término dos estaduais, além do começo da Série B.
Além do dinheiro da Copa do Nordeste, o rival lucrou com a Copa do Brasil, faturando R$ 1 milhão e 100 mil. Ou seja, além de ter ganho o Campeonato Alagoano com um elenco quatro vezes mais barato que o nosso, eles ainda obtiveram um lucro de R$ 1 milhão e 90 mil, enquanto o CRB só teve um lucro de R$ 600 mil. Podem até ter não passado para a segunda fase do Nordestão, mas acabaram tendo melhores resultados no primeiro semestre.

Segundo semestre

Com o fim do Campeonato Alagoano, CRB e o rival foram ao mercado se reforçar. O Galo teve que demitir treinador e contratar muitos jogadores. O rival manteve a base do estadual até agora, e contratou jogadores que fortaleceram ainda mais ao elenco.
O CRB continua com uma das maiores folhas salariais da Série B, o dobro da folha do rival. Mas o que adiantou? Eles tiveram um maior lucro, e ainda receberam R$ 6 milhões, além de tudo tem um presidente que investe bem no clube. Um clube que tinha uma folha salarial de R$ 190 mil, se quisesse poderia aumentar a folha para R$ 1 milhão, mas não teria prejuízo nenhum. Soube contratar bem, atendeu aos pedidos do treinador, e continua trazendo jogadores mesmo com o time no G4. Aqui no Galo é completamente diferente, chegaram jogadores que não acrescentaram em nada, e a direção demora barbaridades para contratar um jogador. Além de tudo não pode dispensar, já que de forma amadora fez contratos falhos. Mas até o momento, estamos na luta contra o rebaixamento, mesmo tendo uma das maiores folhas salariais, e o pior de tudo é que o clube não ganha mais tanto dinheiro com renda, nem com sócios, já que a situação do time piorou e não agrada ao torcedor. O rival tem grandes chances de acesso, tem a torcida ao seu lado no estádio e também em quantidade de sócios. O que será dos dois para 2019? O Galo terá eleição para presidente do clube, deve encerrar o contrato com a Rinat. A torcida agora não é mais contra rival, e nem por nosso acesso, é de nos mantermos na Série B e torcer para que haja uma reformulação no elenco e na própria diretoria.

O que aprendemos?

Um clube que recebe mais de R$ 9 milhões com cotas de participação, não tem que investir de forma errada. Tem que haver um controle, e ficou claro que não temos bons gestores para isto. Sampaio Corrêa e Campinense venceram a Copa do Nordeste com elencos medíocres, sem nenhum grande jogador ou coisa do tipo. Não precisaram gastar mais de milhões para isto. O Paraná subiu em 2017 com um dos elencos mais baratos, não precisou gastar tanto para o acesso. O Ferroviário chegou na quarta fase da Copa do Brasil eliminando Vila Nova e Sport sem precisar gastar tanto. É claro que enfrentar um Sport é diferente de enfrentar o São Paulo, mas proporcionalmente, a força de um Ferroviário para um Sport, pode se dizer que é algo parecido de um CRB para o São Paulo, certo?
Ficou óbvio que não precisa gastar tanto para se ter um bom futebol. Conhecemos exemplos no país de equipes que com pouco dinheiro conseguiram muita coisa. A Chapecoense é um exemplo disto, com folha de R$ 1 milhão na Série A nos últimos anos conseguiu golear grandes equipes, ir para a Libertadores e Sul-Americana.
O primeiro passo é saber investir, e investir com qualidade. A folha salarial do primeiro semestre não precisa ser tão alta, no máximo R$ 400 mil e só. E o teto para salários não precisa passar de R$ 30 mil para novos contratados, conseguir manter os principais jogadores é importante. Se o CRB conseguir chegar numa terceira fase de Copa do Brasil e na segunda fase da Copa do Nordeste, já ganha um ótimo dinheiro para trazer outros jogadores para uma Série B. Há excelentes nomes de jogadores que poderiam reforçar o clube na próxima temporada que circulo frequentemente por aqui, mas a diretoria não quer, então devemos aceitar e torcer.

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