Investimento na base: cedo, tarde ou momento exato para se pensar?

Os brasileiros são conhecidos pelo seu futebol arte, pelo seu jeito diferente de revelar jogadores e de conquistar o mundo. É comum achar um brasileiro figurando entre as principais equipes do globo. Mesmo que a valorização pela instituição que gerencia o futebol nacional seja diferente da valorização recebida pelos europeus, nós brasileiros ainda somos o nome mais forte do mercado, até com um momento forte de escolas como a alemã, inglesa, argentina e espanhola. 
A venda de jogadores é algo que se tornará mais comum nos próximos anos, ainda mais as de jovens garotos, que precocemente saem do Brasil com rumo ao velho continente. Além da saída precoce destes atletas, há também o interesse de países com equipes mais fracas, porém com donos milionários que oferecem salários exorbitantes. Este interesse é mais nos jogadores mais experientes, que acabam sendo os principais destaques dos clubes brasileiros. Um exemplo é a frequente procura por jogadores como Thiago Neves, Rodriguinho e outros. Além de ter um interesse nos treinadores, onde muitos brasileiros estão na China ou até na Arábia Saudita.


No Galo, a venda de jogadores que por um tempo, ou que por muito tempo não era uma realidade, nos últimos quatro anos se tornou um fato comum. Desde 2015 o CRB negocia a venda de pelo menos um atleta, e nestas negociações, conseguiu lucrar R$ 2 milhões. Apenas quatro atletas, e hoje nenhum é destaque nacional ou algo do tipo, e mesmo assim o clube conseguiu uma quantia significativa.
Mas além destes serem vendidos, há também o interesse em aproveitá-los no profissional. Querendo ou não, é uma forma mais lucrativa de se montar uma equipe. Por exemplo, Luidy em 2016 foi um dos nossos maiores destaques, e seu salário era baixo comparado aos demais, o lucro que o CRB teve com esse atleta foi muito alto, já que se pagava pouco para manter, ele rendeu de forma positiva e ainda foi vendido.
Para isto se tornar um caso mais comum, o clube deveria investir nas categorias de base, mas isto não acontece. Nesta matéria irei sugerir algumas formas de investir e conseguir resultados mínimos, como conseguimos nos últimos anos.

Escolinhas e acordos

O que é comum pelo Brasil a fora é a quantidade de escolinhas de clubes separadas pelo país. Vitória e Flamengo são os clubes de fora do estado que tem escolinha na capital. O que poderia ser feito pela diretoria? Bom, de início é procurar parceiros e patrocinadores que possam ajudar nestas escolinhas. Pólos espalhados por Alagoas, fora da capital seriam cinco. Estes ajudariam o clube a ter uma facilidade e maior contato com garotos do interior do estado. Obviamente que os meninos com maior destaque iriam para a base do clube fazer testes, e assim ficar por lá, tendo moradia fixa em Maceió.
O processo seria bem comum, o garoto pagaria para jogar na escolinha, e lá iria treinar, jogar campeonatos, etc. Tudo seria em nome do clube. Cada pólo teria que ter apresentar para o clube uma quantidade minima de garotos para que de fato seja comprovado que há comprometimento por treinadores, etc.
O clube ajudaria financeiramente e também seria remunerado. Torneios entre as escolinhas também facilitariam para o clube ver os meninos jogarem.
A ideia é de que haja uma cidade para cada região do estado, para facilitar a ida dos garotos. Arapiraca, Palmeira dos Índios, Penedo, União dos Palmares e São Miguel dos Campos teriam estas escolinhas. Para que o clube possa manter o contrato, teria que haver um lucro mínimo de no mínimo R$ 20 mil por mês de cada escolinha, por exemplo. E investir a metade em cada escolinha. As escolinhas teriam acordos, e isso facilitaria para o clube, já que a única obrigação direta seria com a base, onde ai já não precisaria de acordo com empresários, e sim com treinadores de base do próprio clube no CT Ninho do Galo.

Amistosos para ganhar renda

Em 2016 contra o Itabaiana, 2.671 pagantes deram uma renda de R$ 27 mil. Alguns amistosos, e até a criação de um torneio chamado "Taça Miguel Rosas" ou como a diretoria preferir, poderia ser uma tradição de hoje em diante, e nestes jogos conseguir uma renda para investir na base.
Um torneio simples, com amistosos de pré-temporada, para além de dar ritmo aos jogadores, traria renda para o clube e consequentemente o torcedor estaria olhando como estaria a preparação da equipe para a temporada.
Em 2015, por exemplo, o nosso rival fez um amistoso contra o Porto de Caruaru. Neste jogo, um público pagante de aproximadamente 5 mil torcedores deram uma renda bruta de R$ 85 mil, e líquida de R$ 71 mil.
Está claro que o clube conseguiria uma boa renda, dependendo do adversário, do dia do jogo e também do preço dos ingressos.

Vendas de jogadores podem dar lucro extra

Nos últimos anos tivemos um lucro superior a R$ 2 milhões com vendas de jogadores, já falei isso. Um clube como o Goiás, por exemplo, que ano após ano vende jogadores como Erik, Bruno Henrique, Douglas e Arthur, tem um lucro altíssimo. O clube goiano contrata jogadores para sua base, utiliza estes no profissional, e estes ainda conseguem jogar bem e dar um lucro ao serem vendidos.
Luidy quando estava no CRB, foi vendido para o Corinthians por R$ 1 milhão. E hoje sabemos que ele não vale nem metade disto, e que conseguimos um bom negócio. Agora é difícil imaginar quantos Luidy's poderiam ser vendidos pelo nosso clube?
Alagoas é um dos estados do país com grande safra de jogadores. Exceto os já conhecidos, ultimamente foi a vez do Otávio ir para o Bordeaux, Marinho para a China, e agora há a possibilidade de Pedrinho do Corinthians ir para o PSG. É complicado o CRB perder esses jogadores, justamente por não procurar, já que esses meninos sabem que não terão oportunidades aqui e preferem ir para o sul do país.
Ir atrás, investir pouco do que se ganha é o suficiente para resultados mínimos. No Bahia há Elber e Gilberto, no Grêmio há o Marinho, no São Paulo há o Reinaldo. São exemplos de jogadores que não tiveram oportunidade em Alagoas e que o CRB poderia ter participado do processo de evolução destes. Jonata era considerado caneludo, perna de pau e "grosso" aqui, mas foi vendido por R$ 600 mil para Portugal. Imagine se o CRB investe R$ 500 mil na base por ano e consegue achar quatro ou cinco desses? Hoje não gasta e consegue, imagina se gastasse!

Projetos para o clube

Dependendo do lucro, o clube terá essa renda extra e poderá começar projetos. A quadra do clube, o estádio, são coisas que seriam feitas a partir desta renda extra. Além de novas escolinhas, e coisas do tipo que só teriam a agregar financeiramente e melhorar a imagem do clube para o povo do estado.

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