Não é por um clube perfeito, é por um clube ideal

O futebol brasileiro é um verdadeiro joguinho de computador. Populares pelo mundo, jogos como Football Manager, por exemplo, e até o Brasfoot mostram o que uma vez ou outra acontece no Brasil. Sabe o grandioso treinador inglês Brian Clough? Bom, as vezes a gente presencia no futebol brasileiro equipes com boa gestão que dão inveja. Não é necessário falar em si da regularidade destas, já que algumas citadas sumiram ou tiveram um grande declínio, mas só por seus grandes feitos, já é um mérito e tanto.

Foto: Ailton Cruz
Todo torcedor sonha com seu clube conquistando grandes títulos, outros são mais modestos e preferem uma simples presença da equipe na primeira divisão nacional. Mas o sonho mais próximo da realidade de muitos é apenas ver sua equipe mais competitiva, mesmo que seja em pequenas competições. 
Sabemos que nas últimas temporadas, bom, nas últimas oito especificamente o CRB enfrentou períodos de crescimento, estagnação e declínio de forma bem frequente. Muitas vezes o que sustentou o presidente foi a conquista do Campeonato Alagoano, este que não é muito valorizado pela grande maioria dos torcedores, mas claro, a obrigação de vencer é enorme. Este torneio não dá retorno financeiro nenhum ao clube, a não ser através da renda de jogos, pois premiação não há.

(Pei Fon / Portal TNH1)
Foto: Pei Fon
Fora o Campeonato Estadual, o CRB disputa competições como a Copa do Nordeste e a Copa do Brasil. A obrigação de ir o quanto mais longe possível nessas competições é grande, mas na segunda nem tanto. O Regional é o título expressivo "mais fácil" para o Galo vencer, mas a trave é muito maior que a ambição da diretoria, e bater nesta trave se tornou uma rotina bem comum. Em seis edições, chegamos nas quartas de final em três ocasiões, e eliminados nas três. Já as outras três, eliminados precocemente na fase de grupos.
Na Copa do Brasil sempre na segunda fase, de 2013 à 2016. Em 2017 uma eliminação mais precoce ainda na primeira fase, e em 2018 um "tabu" foi quebrado ao chegarmos na terceira fase.

Há vários modelos de gestão pelo país. Mas por qual motivo o CRB prefere a estagnação do que o crescimento no cenário nacional? Mesmo que seja até para se fortalecer na região e brigar pelo Regional.

Recentemente, o clube com maior exemplo de gestão é a Chapecoense. Em 2009 jogava a Série D, e em 2014 já estava na Série A conquistando resultados expressivos contra gigantes do país. Claro, equipes do sul e sudeste costumam fazer isso, é difícil encontrar grandes exemplos no Nordeste. Um clube nordestino que subiu seu patamar foi o Vitória, que dos anos 90 para cá cresceu de forma absurda.
Mas o que o CRB pode colher disto? Há vários exemplos de equipes pequenas que conquistaram resultados expressivos em grandes competições. Como esquecer de Paulista, Santo André e Brasiliense no início do século na Copa do Brasil?
É fato que os tempos mudaram. Mas ainda sim há coisas que podem nos servir de exemplo. Fiz uma breve lista de cinco coisas que fortaleceria qualquer gestão do clube, mas dependeria também dos ideais de um futuro presidente, já que a direção atual não consegue ir mais a lugar nenhum.

1. Planejamento

O primeiro item não é novidade para ninguém. Grandes equipes são sustentadas por planejamentos impecáveis. Estes vão do modelo de contratações até a forma em que a equipe disputa a competição, seja pra vencer ou apenas participar.
No nosso caso, é fato que o planejamento é de disputar o título estadual, brigar por migalhas na Copa do Brasil e Copa do Nordeste, e no Brasileiro tentar se manter, mas nas posições de cima para conseguir através das boas campanhas boas rendas com os jogos e também lucrar com cotas de tv.
A partir do próximo ano isto deve ser mudado. O modelo de contratações é bem falho, mesmo que seja montado um time forte para as competições mais fracas, se este time não render o esperado, o clube estará praticamente impossibilitado de fazer grandes mudanças na equipe, já que dispensar metade da equipe é algo impossível. Então sempre acontece dos jogadores se voltarem contra treinadores ou direção, e as vezes até contra eles mesmos. O ambiente do clube fica enfraquecido, e é mais complicado ir a diante com um clima pesado, além dos jogadores não poderem sair por conta dos contratos.

2. Departamento de Scout e demais tecnologias 

O departamento de scout cuida das carências da equipe. Bom, os olheiros estarão a disposição do treinador para buscar jogadores no mercado ou em outros clubes que possam ficar a disposição do treinador. Isto facilita o trabalho da direção, além de haver um conhecimento mais aprofundado sobre o jogador, já que este departamento saberá as condições do atleta, se este enfrenta problemas de lesões ou extra campo. E este olheiro ao receber as indicações do treinador, terá de buscar o jogador mais ideal possível, além de poder ir atrás de jovens promessas.
As demais tecnologias podem oferecer dados sobre o desempenho do jogador na equipe, sua condição física e até aprimoramento de qualidade, ou seja, melhorar finalizações, passes, etc.
Este tipo de tecnologia não deve ser jogado no lixo, além de oferecer uma série de benefícios, esta ajuda ao treinador e aos demais da comissão técnica a realizarem seu trabalho. Por exemplo, com alguns dados analisados, o treinador poderia a partir destes dados novas práticas no treino. Um grande problema dos atletas é a finalização, e de acordo com os dados, nos últimos jogos estes jogadores finalizaram menos e erraram todas as vezes. Ou seja, seriam treinadas mais vezes estas situações de jogo, para ajudar os jogadores a aprimorar este fundamento. Além de poder auxiliar o treinador a ajudar um jogador que vem falhando na marcação ou perceber que este não corre tanto como antes.

3. Investir na base

Sem dúvidas as categorias de base são uma verdadeira mina de ouro para alguns clubes. Muitos conseguem se livrar de crises ou até fazer novos investimentos com a venda de atletas. No CRB recentemente essas vendas tem acontecido com uma maior frequência. Nos últimos anos (sem números precisos), foram vendidos em torno quatro jogadores. Bruno, Emxawell, Luidy e Jonata. Em valores divulgados, o clube conseguiu nestas transferências um valor superior a R$ 2 milhões.
Além de poder lucrar com venda de jogadores, o clube pode ter menores gastos com salários com estes atletas, além deles serem mais ambiciosos que outros mais rodados e quererem a todo custo crescer na carreira. Sendo assim, podem procurar sempre ter bom rendimento. Além do mais, em Alagoas se tornou comum ver bons jogadores atuando na Série A ou até na Europa. Reinaldo no São Paulo, Luan no Atlético/MG e Marinho no Grêmio. Estes três são alagoanos, porém não chegaram a jogar no CRB, muito menos no rival.
E há casos como Firmino e Willian José, que jogaram na base do clube mas saíram pela porta dos fundos. O clube perde a chance de poder desenvolver estes jogadores e receber uma bela quantia com a venda destes. Além do mais, podendo receber em vendas internacionais, como é o caso de Firmino que em sua ida para o Liverpool rendeu mais de R$ 1 milhão ao clube.

4. Filosofia

A Filosofia de um clube pode significar muita coisa na formação dos atletas. Claro, é uma realidade completamente diferente a de grandes brasileiros e grandes europeus. Mas pode parecer ser a maneira mais simples e mais lucrativa de se ter bons resultados. O treinador Fernando Diniz nos últimos anos conseguiu surpreender a todos com seu trabalho no Osasco Audax. Uma equipe que trabalhava bem a bola, e mesmo enfrentando equipes muito superiores, conseguia bons resultados.
Essa Filosofia ajuda a camada de jovens, além de ajudar o profissional. É como se fosse uma metodologia, onde o treinador do time principal trabalha da mesma forma que o treinador da base, mas podendo ter suas variações táticas. Isso faz com que um jogador da base ao ingressar no profissional já se sinta familiarizado ao sistema de jogo, além de quando haver uma mudança de treinador na equipe, não ter que mudar tão drasticamente e atrapalhar toda construção que havia sido feita com o outro treinador, isso prejudica os jogadores e até o próprio treinador.

5. Contratos profissionais

Não é novidade para ninguém que a diretoria do CRB é muito amadora em seus contratos. Ano após ano vemos um jogador que acaba ficando encostado no elenco por não poder ser simplesmente dispensado. Neste ano o jogador Neto Baiano tinha seu contrato até o fim do estadual, e surpreendentemente teve um desempenho muito superior ao dos outros anos. Mas quando renovou seu contrato até o fim do ano, começou a cair de desempenho. 
Além de ser poder fazer um contrato por produtividade, há também esta opção de contrato até fim de competição x. Isto faz com que o jogador não queira ficar de mãos abanando ou sem clube, já que ficar em um clube apenas recebendo dinheiro é muito melhor que ficar sem nada. Então é uma opção muito boa poder fazer este tipo de contrato, e não contratar um jogador em Janeiro que vai ficar até o Novembro, mas sem saber se este vai agradar o mínimo possível.

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