Temporadas de fracasso e planejamento inexistente

Sabemos que no período de mandato do atual presidente, de 2011 aos dias atuais, o CRB normalmente briga pelo título do Campeonato Alagoano. Em oito temporadas, cinco títulos, dois vices e um 6º lugar bem pífio. Partindo para as disputas em Brasileiro, essa regularidade e briga por título cai, e ficamos sempre no questionamento, será que houve planejamento nestas oito temporadas do atual presidente?

Foto: Aílton Cruz
Copa do Nordeste

Mesmo sendo sempre um dos favoritos a classificação nos grupos que participa, o CRB sempre se complica na competição. Se torna um mero participante entre as equipes, e mesmo quando a competição está em um nível mais baixo, a equipe não consegue se firmar.
Nunca participamos de um grupo difícil, tido como o "grupo da morte". Sempre eliminações toscas, nos classificamos apenas três vezes em seis edições, sendo duas vezes como 2º colocado e somente uma como primeiro do grupo. Nunca entramos para ganhar, mesmo com vários exemplos de equipes fracas que chegaram longe, que disputaram título e eliminaram gigantes, o CRB não consegue fazer o seu, é sempre uma desculpa de adversário, sempre se limitando. Foi assim contra o América/RN em 2014, onde não conseguiu ser feliz nas finalizações que teve, e com uma vantagem de 2 gols, tomou 4. Era só fazer um único gol que se classificava, mas não conseguiu e ainda tomou o quarto gol no último minuto. Mesma coisa contra o Sport, se fechou completamente e acabou sendo eliminado com um gol aos 36' da segunda etapa, se segurou por mais de 70 minutos, mas não adiantou. 


Agora irá encarar o Ceará, dois simples empates de 0 a 0 poderiam nos classificar, claro que iríamos para os pênaltis, mas não é difícil crescer na hora certa. Tem a pré-copa de 2019, onde perdemos o primeiro jogo de forma ridícula pro Campinense e decidiremos hoje (01) em casa.
O CRB precisa se planejar pra vencer, precisa se tornar um clube vencedor, e não apenas uma equipe que se conforma em estar no topo do estado, de estar numa Série B, mas não em uma Série A. Foram 25 anos sendo "a equipe" em Alagoas, isso é o suficiente? 

Copa do Brasil

No ano de 2013 voltamos a disputar a Copa mais importante do país. Havia dois tabus "nas costas". O primeiro era de nunca ter chegado a terceira fase, esse foi batido em 2018. O segundo é de nunca ter eliminado uma equipe grande na competição, este ainda permanece. Não comparando totalmente, mas em Alagoas temos exemplos claros de equipes pífias que bateram de frente com grandes. O ASA por duas oportunidades bateu de frente com o Palmeiras. Eliminou a equipe paulista em 2002, e em 2015 quando empatou o primeiro jogo no Palestra Itália por 0 a 0, mas acabou sendo derrotado no jogo de volta por 1 a 0 jogando em Londrina. O Coruripe também. Recentemente quase eliminou o Botafogo na Copa do Brasil de 2016. O CSA eliminou o Vasco e o Santos. Já o CRB, nunca chegou perto de nada. Venceu o São Paulo por 2 a 1 em 2014 no Rei Pelé, mas na volta perdeu por 3 a 0.


Hoje em dia a competição é mais valorizada, o prêmio pela conquista do título é maior até que a própria Série A. Não é tão fácil ganhar ou chegar perto das finais, mas o caminho até as oitavas não é tão difícil, é só se impor, tentar se classificar, mesmo que seja com dois empates e se classificando nos pênaltis. Em 2013 voamos na segunda fase, em 2014 também, em 2015 também, 2016 e 2017 também. Mas em 2018 passamos da temida fase, chegamos na terceira, mas acabamos sendo eliminados pelo São Paulo.

Campeonato Brasileiro

Há dois acessos nesta década, mas ambos da Série C para a Série B. Em seu primeiro ano de gestão, o presidente colocou o Galo na Série B após o vice-campeonato da terceirona. Em 2014, outro acesso. O que nos decepciona é que em 2011 levamos uma goleada fora de casa na final, e em 2014 levamos outra goleada na semifinal.
Em 2012 na Série B foi um rebaixamento deprimente, caindo na última rodada, mesmo vencendo.
Em 2013 na Série C, quase caímos para a Série D na última rodada, mas também quase nos classificamos para as quartas de final. Nas últimas três rodadas o Galo vacilou, não se classificou por um ponto, empatou com o Cuiabá em casa e perdeu para o Sampaio Corrêa fora. O Sampaio se classificou em 4º lugar no grupo, com um ponto a mais que o Galo. Daí fica a revolta, era só segurar o empate com o Sampaio que o CRB estaria na fase seguinte.
No ano de 2014 foi o acesso, um começo chato na zona, mas recuperação durante a competição. Vencemos o Madureira nas quartas, mas a falta de postura da direção ao dar folga aos jogadores na semana da semifinal foi inadmissível. Perdemos para o Macaé por 4 a 0 e empatamos na volta por 0 a 0. Era a chance de ser campeão, já que naquela altura do campeonato, tínhamos a melhor equipe.


No ano de 2015, passamos longe de subir. É lógico que em algumas rodadas o CRB estava um pouco perto do G4, a campanha como mandante era sensacional, Zé Carlos artilheiro da competição, Olívio melhor volante, mas não ganhávamos de ninguém fora de casa. Já em 2016, a campanha era espetacular. Metade do campeonato brigamos pelo acesso, mais de 13 rodadas no G4, mas por vários erros e novamente a falta de planejamento fez com que o CRB fosse caindo de produção durante o segundo turno e saindo da briga.
Em 2017, achávamos que haveria uma evolução. Nas primeiras rodadas, líder. Mas depois, derrotas em sequência nos colocaram na vice-lanterna. Dado Cavalcanti chegou, colocou o Galo no G4 e jogando em alto nível. Terminamos o turno em 7º lugar, com três pontos a menos que o 4º colocado. Mas novamente a falta de planejamento impossibilitou uma crescente do Galo no segundo turno. Fizemos uma campanha medonha, o treinador quis dispensas e contratações, mas não houve. Chegamos a entrar na zona, mas escapamos nas duas últimas rodadas.
Agora em 2018, nos três primeiros jogos fomos derrotados e estamos na zona. A diretoria não se posicionou, não bancou dispensas, muito menos contratações. O orgulho de Marcos Barbosa permanece firme, se não houver mudanças durante o primeiro turno, é capaz de estarmos entre os quatro rebaixados no final da competição.

Contratações

Não é difícil vermos um jogador dar super certo em uma equipe, chegar no CRB e não render nada. As contratações no Galo não seguem um padrão tático, sempre sem critério, não se analisa que tipo de jogador falta no elenco, mas sim que posição falta. Por exemplo, hoje nessa equipe, é muito necessário ter zagueiros de velocidade, laterais de velocidade e volantes com velocidade. Mas isso é evitado, e presenciamos então volantes lentos, que na teoria deveriam ter bom toque de bola, serem bastante técnicos, mas nem isso. Estamos repetindo o ano de 2017, é só analisar os volantes das duas temporadas. Olívio por anos mostrou velocidade, marcação, qualidade no passe e bastante empenho, diferente dos de hoje, que não conseguem marcar, não conseguem sair jogando, muito menos ter a velocidade a seu favor.
Meia-armador no CRB? Não temos um meia de ofício faz duas temporadas. Na realidade, nem isso. Gerson Magrão não era exatamente um meia-armador clássico, atuava em várias posições no campo, no Galo mesmo, em 2015 atuou bastante pelos lados do campo, como um meia-esquerda. Hoje não temos esse jogador, que seja rápido, que tenha drible, que busque o passe na defesa e seja responsável por levar a bola com qualidade ao ataque. 
Já disse e agora repito: as contratações do CRB não tem critério. Temos necessidades no elenco, mas isso não é respeitado. Como um treinador vai conseguir ter um trabalho eficiente assim? 
Em 2017 necessitávamos muito de um meia, de um volante mais veloz. Mas não, isso foi ignorado. Rodrigo Souza, que é muito lento, foi o nosso camisa 5. Chegamos a jogar em algumas partidas com três volantes no meio-campo. Fico pensando como Dado Cavalcanti operou um milagre com a equipe que tinha. Tirou uma equipe sem peças de qualidade no ataque, no meio, e colocou no G4. Não deve-se pensar em contratar um jogador por suas qualidades individuais somente, mas sim buscar reforços que se encaixem em um padrão de jogo. Por exemplo, buscar jogadores de velocidade e resistência para utilizar um esquema de marcação pressão no ataque adversário, ter velocidade no contra-ataque o jogo todo, não dar contra-ataque fácil para o adversário. Várias coisas englobam isto. 
Hoje em dia qual o esquema do CRB? Temos jogadores altos, vários gols de bola área na temporada, mas qual o jogador que tem qualidade na bola parada? Raras vezes dá certo, e mesmo assim é uma tática muito antiga, que nem deve ser levada a sério mais.
Hoje o Galo vai enfrentar o Campinense, a formação conta com Boaventura e Edson Borges na zaga, que são muito bons pelo alto, mas muito lentos. Diego na lateral esquerda e Edson Borges, é certeza que o adversário deverá jogar por este lado. Feijão e Lucas Siqueira serão os volantes. Um não tem qualidade nenhuma no passe, muito menos velocidade. Lucas tem qualidade no passe, chega bem a área. No meio-ataque há Tinga, Edson Ratinho e Willians Fernandes. Os três tem velocidade, mas nenhum é de dar muitas assistências ou fazer gols. Ratinho tem cinco assistências no ano, mas dificilmente parte pra cima do adversário, finaliza ao gol, ou dá aquele passe açucarado, é sempre tentando cruzar a bola para a área. Willians ultimamente não vendo tendo bons números, não faz gols, não dá assistências. Já Tinga, não é um jogador com muita qualidade para armar o time, e seu papel na equipe ainda é muito complicado de se entender, já que é volante e está fora de posição. O jogador até que finaliza fora da área, mas dificilmente marca gols. Assistências também nem se fala. Já Neto Baiano precisa muito de um jogador que lhe coloque sempre na cara do gol. Costuma perder vários gols para poder fazer um, atualmente faz sua melhor temporada no Galo, são 13 gols em 23 jogos.
Ou seja, vamos para a partida sem jogadores com características diferentes para um possível esquema. Todos são muito iguais, o que dificulta para o treinador poder ter várias opções em situações de jogo, como colocar um jogador bom na bola parada, outro muito veloz que dribla e parte pra cima, um com passe mais diferenciado, outro que melhora a saída de bola, que melhora a marcação, um zagueiro de velocidade que evita jogadas de velocidade do adversário, etc. Não temos essas opções no elenco. É sempre um jogador de lado de campo que corre e tenta o cruzamento. Um meia que corre até perder a bola. Precisamos saber contratar, assim como precisamos saber planejar.

O que seria um planejamento?
  • Contratações

Primeiro, antes de planejar uma temporada, deve-se pensar na mesma um ano antes. É contraditório, mas é de se entender. Percebemos que os clubes da Série A dificilmente tem grandes mudanças em seus times titulares, diferente do CRB nestes últimos anos, já que muda muito.
No fim da temporada deve ser mantido jogadores que fortalecem o plano tático do treinador, e no período de contrações, iremos analisar setores que deram errado no ano, e na temporada seguinte contratar jogadores com características mais diferentes. É sempre ir testando isto. 
Deve haver em um elenco jogadores muito diferentes, não ter sempre jogadores que fazem o mesmo tipo de coisa. Como contratar dois laterais que só sabem marcar ou que só sabem atacar. Zagueiros que só são bons no jogo aéreo, meias que só sabem armar, mas não sabem marcar, etc. 
Os jogadores contratados no início da temporada devem ser mais jovens, uma baixa média de idade vai ajudar muito nas sequências de jogos mais puxadas no início do ano. Apostar em jogadores mais jovens vai fazer com que a folha salarial seja menor, e também a equipe vai poder aproveitar os jogadores que conseguiram render e que se encaixam perfeitamente no esquema. Mas lembrando que deve ser feito um contrato mais curto para jovens apostas.
No segundo semestre, no início do Brasileiro, deve ser feita uma mesclagem. Jogadores experientes e jogadores mais jovens, mas evitando contratar atletas com mais de 32 anos, por exemplo. A Série B é longa, e estes jogadores costumam oscilar durante o campeonato. Sempre deve ser analisados jogadores de torneios de jovens, como a Copa São Paulo. Isso fará com que a equipe possa contratar jogadores eficientes sem ter medo de olhar quanto gasta com elenco, já que há muitos jovens que recebem pouco. 
E claro, no fim do primeiro turno da Série B, deve ser analisado os principais erros da equipe no plantel e ir atrás de jogadores que possam corrigir estes erros. Um treinador ter duas táticas é importante, é necessário se reinventar durante a competição, para que as equipes não solucionem um "antídoto" para o esquema do treinador.
  • Competição
É sempre importante ter em mãos, atletas que saibam o real objetivo do clube na competição. Apresentar um projeto vencedor fará com que jogadores ambiciosos por conquistas cheguem ao clube. É difícil contratar jogadores que queiram vencer se você nunca entra em uma competição para ganhar.
Se tiver um jogador no elenco que já ganhou tudo o que podia ganhar, é sempre bom evitar este tipo de jogador, mas dependendo do quanto ele se empenha e dá valor ao projeto. Jogadores mais jovens, procurando seu espaço no futebol, sempre querem estar presente em elencos vitoriosos. O "bicho" é importante, infelizmente. Jogadores querem receber a mais por títulos, e é por isso que deve ser evitado alguns jogadores que possam fazer corpo mole durante as competições. Treinador e direção devem estar sempre com o mesmo pensamento de vencer. Dispensar e contratar sempre quando for necessário, com ambas as partes de acordo.
Um futebol ofensivo é importante. Mas a presença do torcedor é fundamental. Fazer melhorias em planos de sócio-torcedor e ingressos não tão caros fará com que o torcedor sempre esteja por perto. O papel do torcedor é fundamental em uma equipe, ele pode melhor o cofre do clube, e poderá ser um 12º jogador em campo nos jogos.
As contratações durante as competições são importantes. Corrigir os erros é fundamental para que não se erre tanto.
Nos últimos anos, percebemos que o maior erro do CRB foi não ter contratado onde se precisava, além de não ter se reinventado durante as competições, ter sempre um pensamento de se classificar pelo mínimo, de se defender o máximo quando se tem uma vantagem, de nunca procurar golear. É importante ter um presidente, um diretor de futebol, fisiologista que façam a equipe correr atrás da vitória. A transparência é fundamental. 
Para este ano, é necessário que sejam feitas boas contratações e que se acredite no treinador. Se houver corpo mole e atuações pífias dos jogadores, devem ser dispensados. Se a fase estiver ruim, um reajuste no preço dos ingressos é importante. Tudo isso deve ser feito ao máximo para que a equipe comece a render e não sejam necessários protestos ou algo do tipo.


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