Vai decidir? Neto Baiano e o mito que poderá surgir

Já se passou muito tempo desde os anos 70. Naquela época, não só o CRB como o futebol brasileiro e o futebol mundial em geral viveu seu "apogeu". O tricampeonato em 70 com Pelé e companhia, e ainda jogadores como Cruyff e Beckenbauer surpreendendo a todos com feitos inéditos em suas seleções. 
Porém, não vim aqui para falar destes, e sim das coincidências vividas hoje pelo Galo e que aconteceram naquela época.
Fazia tempo que o CRB não conquistava um tricampeonato ou chegava a tantas finais de forma consecutiva e com tanto "favoritismo". Após muito tempo, a situação no Regatas era diferente. A importância de ídolos sumiu, o destaque da base acabou e a força no Campeonato Estadual também. Mas nos últimos sete anos, uma sequência que nos lembra de tempos mágicos retorna. 

Foto: Douglas Araújo
O tetra que não vi, o tetra que verei

Na década de 70, o CRB conseguiu ter uma enorme importância no futebol local. Surgiram ídolos como Roberto Menezes, Silva, Roberval Davino, Jorge da Sorte e Joãozinho Paulista. Estes que são lembrados até hoje pelos torcedores conquistaram títulos importantes, mas a ausência de figuras como eles dificultou as coisas.
A ausência de um ídolo na equipe fez com que por muito tempo o saudosismo estivesse presente no nosso pensamento. Claro, surgiram jogadores notáveis que conseguiam ter o apoio em massa do torcedor, mas por muitas vezes decepcionaram. Mas não há nada de diferente, já que também no passado os nossos grandes ídolos também nos decepcionaram, porém o que quase sempre fica são as melhores causas.
O tetracampeonato de 1979 foi muito especial. O título foi conquistado com uma campanha incontestável de 21 vitórias em 34 jogos e apenas 4 derrotas. O treinador era Jorge Vasconcelos, o eterno e melhor treinador da história do clube. Ídolos como César, Carlinhos e Silva fizeram parte da campanha. O título veio após uma vitória por 2 a 0 sobre o CSA no Estádio Rei Pelé para um público de 15.331 pessoas. Zé Luiz, do CSA, marcou gol contra na primeira etapa e Silva, do CRB marcou o gol da vitória na segunda etapa.


Atualmente, há sim uma figura que possa corresponder aos critérios de "ídolo", por mais que a palavra "ídolo" se torne quase que inexplicável por ser algo mais emocional do que através de fatos. Neto Baiano está em sua terceira temporada no CRB, não é um jogador totalmente querido pela torcida. No começo de sua trajetória pelo clube foi imensamente criticado pelo que fez na Ilha do Retiro após a eliminação do clube para o Sport na Copa do Nordeste.
Por muito tempo vem sendo criticado por outra coisa. De lá pra cá, perdeu muitos gols em partidas importantes, gols até inacreditáveis, o que fez com que a torcida o perseguisse com razão. Mas hoje ele consegue respeitar o torcedor e o clube. Em duas finais de estadual nos deu o título marcando gols. Hoje é um xodó, já acumula 37 gols com a camisa do CRB e é titular da equipe. Sua situação na equipe mudou depois de ser reserva por dois anos. Pode ser ele essa figura importante que chegará até perto de ser um ídolo. A importância de Neto Baiano é notória, é o artilheiro do campeonato e vez ou outra capitão da equipe.
Igual a temporada de 1979, o CRB perdeu apenas quatro jogos no ano. Claro que há a diferença de ser contado apenas os jogos do estadual naquela época e hoje ser contado os resultados de Copa do Nordeste, Copa do Brasil e Alagoano, porém é até uma coincidência. O que não podemos deixar passar é essa oportunidade do título. Merecemos pela bela campanha, pelo valor de mercado dos atletas, pelo alto investimento e até pela equipe não corresponder a altura e ser essa a oportunidade perfeita para crescerem e mostrarem do quão podem ser capazes na temporada.

As semelhanças

Passado o tempo, jogadores com poder de decidir um clássico ou campeonato foram raros. Silva Cão, o maior artilheiro da história do clássico foi o responsável pelo gol do título do tetra de 1979. Agora Neto Baiano tem essa chance. Após decidir os dois últimos campeonatos, sua motivação ainda é maior. Isso pelo fato de diferente das últimas duas edições, hoje é o titular absoluto da equipe e ainda por cima é o artilheiro do campeonato.
Há também outro jogador que era um candidato a ídolo. Olívio era idolatrado na equipe, semelhanças até com Roberto Menezes pela camisa que vestia e a cor do cabelo. 
O fato é que hoje um jogador não se torna ídolo de uma forma tão fácil como antes. As falhas são gravadas e arquivadas e sempre lembradas. Já ao ouvir dos nossos pais e avós, parecem que os ídolos do passado eram perfeitos, nunca erravam. Até pra ser ídolo hoje tem que primeiro ser um "candidato" a tal posto. 
Querendo ou não, um fato que pode se repetir após 39 anos e um jogador que pode fazer algo inédito no clube são duas coisas que devem ser respeitadas. Estarei torcendo por Neto Baiano e que ele se torne ainda mais importante, e claro, o tetra venha após essas quatro décadas.

Neto Baiano e as decisões

Nesta década, Neto Baiano é um dos maiores goleadores do país, isso é fato e estatística. Nos últimos dois anos decidiu dois estaduais a favor do CRB. Mas seus números vão além disso e além do Galo. Em outras equipes também conseguiu ser decisivo nas finais. No Goiás marcou o gol do título no Campeonato Goiano de 2013. No Sport, fez um dos três gols marcados na final do Pernambucano contra o Náutico, marcou no primeiro jogo na vitória por 2 a 0 na Ilha do Retiro. E também na final da Copa do Nordeste, marcou um gol na vitória por 2 a 0 na Ilha do Retiro contra o Ceará e também no Castelão no empate por 1 a 1.
Há também uma final em que Neto marcou gol mas sua equipe não foi a campeã, como o caso do Baiano de 2012, marcou dois gols no segundo jogo contra o Bahia quando estava no Vitória. Sendo assim, Neto tem 9 gols em finais desde 2011. Decisivo, ídolo no Sport e no Vitória, e que não vejo motivos para não ser ídolo também no CRB. 


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