Curiosidades: O Ídolo Roberto Menezes

Marcou uma geração, ninguém duvida disto. Foi espetacular no CRB, de 1965 à 1973 ficou no clube, saindo para o Vitória após tantos convites. O jogador que esbanjava classe, que tinha mais habilidade que um meia-armador mesmo sendo quarto zagueiro. Hoje, tem até rua com seu nome em Maceió. Além de jogador, onde ultrapassava os limites que lhe punham, se tornou Engenheiro pela Universidade Federal de Alagoas. Roberto Gonçalves de Menezes, ou simplesmente "Roberto Menezes", um dos maiores ídolos da história do CRB.

*Conteúdo coletado de informações encontradas na internet, onde a Placar Magazine, revista dos anos 70 foi de total ajuda para a pesquisa. O blog de Lauthenay Perdigão também foi de imensa ajuda. Outros pontos adicionados a matéria são de puro conhecimento aderido após contos dos mais entendedores e dos que viram o jogador desfilar pelos campos alagoanos.

O Kaiser

Talvez pela qualidade que impunha, pela posição que jogava, pelas características físicas, mas tendo a cor do cabelo diferente do grande defensor alemão Franz Beckenbauer, esse apelido de "Kaiser" foi bem presente nos anos 70. O jogador da Seleção Alemã Ocidental demonstrava uma classe absurda, diferente dos demais zagueiros ou defensores que jogavam a época. No caso de Roberto Menezes, o mesmo era tão habilidoso e polivalente que poderia atuar em qualquer posição do meio ou defesa, não lhe importava, mostrava a mesma habilidade em qualquer setor. Seja como quarto zagueiro, volante ou até um meio-campista mais avançado, se tratando de Roberto Menezes, a classe continuava a mesma.



Vejam então alguns registros escritos que ficaram guardados em matérias da placar, onde fala sobre o jogador no CRB e no Vitória.

A Universidade Federal de Alagoas cogitava em 1971 de montar uma equipe e disputar o Campeonato Alagoano. Roberto Menezes, melhor jogador do estado naquele momento poderia ir para o time dos universitários, já que era terceiranista na época em Engenharia.

Em 1973, a diretoria do ASA de Arapiraca foi a público declarando repúdio por uma atitude de Roberto Menezes. Na ocasião, o jogador lesionou o defensor Lula, da equipe arapiraquense. Esta lesão que lhe causou rutura da região escrotal, deixando-o em condições precárias para desfrutar da vida normal. A população da cidade do interior de Alagoas começou a ameaçar o jogador, e a diretoria do ASA disse que não teria responsabilidades a cumprir se algo acontecesse com Roberto Menezes.

Numa partida pelo Campeonato Nacional de 1973, CRB e Internacional duelaram. O árbitro Sílvio Acácio, da Federação Mineira, não satisfez a ninguém que assistiu o jogo. Deixou de marcar dois pênaltis a favor do CRB quando o jogo ainda estava 0 a 0, e ainda validou um gol impedido do Internacional, além de expulsar Roberto Menezes, que supostamente depois haveria agredido o árbitro. 
Roberto Menezes foi absolvido da acusação  de ter agredido o árbitro Sílvio Acácio, durante o jogo CRB x Internacional. Na súmula consta a acusação, que acabou transformada apenas em ofensas morais, punidas com uma pífia suspensão de um jogo. Roberto Menezes ficou alegre da vida, já que foi expulso várias vezes este ano.

"Entre os jogadores há várias panelinhas. Roberto Menezes, que era ídolo - ano passado foi o segundo colocado na Bola de Prata - não se conforma em ganhar apenas Cr$ 3.000, enquanto Haroldo chega aos 7.000 e Sarão e Gilmar aos Cr$ 6.000. Mimado pelos diretores e se aproveitando do fato de estudar engenharia, Roberto passou a treinar quando bem entende e caiu muito de produção" - Repórter da Placar

A maioria dos torcedores acha que a maior deficiência do Vitória, no momento, está no meio-campo. Como comenta o gráfico Jaime Santos:
- Roberto Menezes não dá. Até agora não justificou sua contratação.
Roberto Gonçalves de Menezes, 25 anos, comprado ao CRB por 150.000 cruzeiros, era apontado como o melhor jogador de Maceió - mas no Vitória ainda não justificou a fama.
- Sabe, fui muito mal lançado pelo Castilho. Cheguei fora de forma e entrei no time. Joguei mal, é claro, e acabei barrado.
Cursando o quinto ano de Engenharia na Universidade Federal de Alagoas, Roberto Menezes confia tanto em seu futebol que trancou a matrícula para jogar na Bahia, depois de resistir a muitos convites que já recebera para deixar o CRB - seu único clube até então. E diz que não está arrependido de, finalmente, ter aceitado a vinda para o Vitória, mesmo quando dizem que ele parece não se empenhar muito em campo.

- Se me derem chance, se não me tirarem do time como aconteceu quando cheguei a Salvador, vou mostrar que sou melhor que o Paulo e que o Vitória não perdeu dinheiro ao contratar-me.
- Fui mal lançado no time, mas agora começo a mostrar meu valor. Sou mais útil ao Vitória que o Paulo; dentro de algum tempo ele será completamente esquecido - assegurou Roberto Menezes

Estes contos foram encontrados na Revista Placar Magazine. Falando de alguns acontecimentos do mesmo no CRB, de uma possibilidade do mesmo entrar em um time da UFAL e falando sobre valores de sua transferência para o Vitória e de detalhes de seu começo pelo rubro-negro da boa terra.

Bola de prata 

Por muitas rodadas no Campeonato Brasileiro de 1972, Roberto Menezes foi dominante. Mesmo com o CRB ficando na vice-lanterna da competição, o médio-volante liderava nas estatísticas como melhor volante do Campeonato pela Revista Placar, ficando boa parte do campeonato com a bola de prata.
Para se ter uma ideia, conseguiu desbancar durante todo o campeonato jogadores como Edson Cegonha, volante do São Paulo com passagem pela seleção, e Wilson Piazza, zagueiro titular da Seleção Brasileira na Copa do México três anos antes onde o Brasil conquistou o tricampeonato. Veja em detalhe na imagem a seguir:



Sendo um dos 6 melhores jogadores pela média de 7,89 que obteve, superando vários jogadores de Seleção Brasileira no campeonato. Impressionou dirigentes do Atlético Mineiro, Cruzeiro e Flamengo. Um jogador espetacular, mas que preferiu ficar em terras alagoanas, defendendo o CRB. Mas depois de um tempo acabou indo para o Vitória.


No Vitória ficou por pouco tempo. Começando mal, e dizendo que havia sido "lançado" de forma incorreta no time, por estar fora de forma, etc. Voltou para Alagoas, defendeu o clube rival do CRB e se aposentou de forma precoce, mas deixando saudade.

Capa na placar


*Agradecendo novamente a Lauthenay Perdigão e a Revista Placar por disponibilizar na internet este conteúdo.

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