Alagoas: Celeiro de craques, porém com bases enfraquecidas

É rotineiro encontrar jogadores alagoanos sendo destaque regional, nacional e até internacional. Também é comum ver que no vasto currículo de cada atleta, poucos são profissionalizados em terras alagoanas, o que torna mais frequente as idas dos garotos ainda jovens sem ao menos passar por clubes do estado e buscar o futuro no sul do país.
É necessário mesmo arcar com tantos gastos para ter uma base forte?


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Foto: Gazeta Press
Equipes como Sport, Bahia e Criciúma superam a casa do milhão em gastos com a base. Mas é necessário ter tantos gastos assim para formar equipes boas, aproveitar os atletas no profissional e gerar lucro com vendas? Não, não é preciso. Segundo Cesar Grafietti, economista do Itaú BBA e coordenador de estudos sobre futebol, um clube pode gerar lucros a partir de uma cultura única para todas as camadas da equipe. Ou seja, do garotinho da escolinha até o capitão do profissional, o treinamento tático deve ser o mesmo. 
O Barcelona cresceu como clube a partir deste pensamento. Tendo sua própria filosofia e cultura, o clube não precisava mais de forma frequente ir ao mercado buscar jogadores com características do clube, já que em casa, na base do mesmo, haveria atletas que com um longo período já estavam por dentro do que se passava no clube. Isto fez com que o Barcelona se tornasse um clube com jogadores de qualidade sendo revelados e usando estes com frequência no elenco profissional.

E a escolinha do clube?

Hoje o clube mais estruturado do estado, que possui o 5º maior CT do país não tem uma estrutura benéfica para jogadores de base. Hoje o CRB não disponibiliza uma escolinha, isso afeta muito a estrutura do clube e impossibilita totalmente avanços na área de revelar jogadores. Como sabemos, já estiveram na base do Galo, jogadores que hoje são de nível mundial. Exemplos de Pepe, Firmino, Willian José e Luiz Gustavo. Destes, apenas Luiz Gustavo teve sequência até chegar ao profissional.
Com o CT longe da capital, não há uma procura enorme para garotos começarem a busca pelo futebol no CRB. Muitos chegam já na base, e isso mostra que a filosofia do clube é pífia e será sempre inviável vencer uma competição de alto porte. 
Não ter uma camada inferior de jovens de 7 à 12 anos, por exemplo, afeta no crescimento destes como jogadores. O Corinthians Alagoano, clube que hoje está extinto, tinha uma escolinha que abrigava muitos meninos, com vários jovens empolgados por uma carreira futura. A renda mensal de uma escolinha pode ser considerável, os investimentos não precisariam ser abusivas.

Como deve ser a base?

A ausência de um "pólo" na capital faz com que o clube não dê muita importância na base, já que poucos jovens participam e o clube não consegue ter bons lucros. Se o clube continuar neste caminho de utilizar apenas a base no CT na Barra de São Miguel, continuará inviável novos modos e abrir espaço para jovens. Esta ausência fará com que o CRB perca jogadores que sejam até mesmo torcedores para clubes rivais no estado.
Vamos adiante, já que o clube tem uma imensa estrutura e o estado de Alagoas costuma produzir bons jogadores, peneiras trimestrais poderiam facilitar a vida dos treinadores do clube. Óbvio que ocorreriam dispensas para facilitar o trabalho com um menor grupo, porém de mais qualidade. Uma filosofia de jogo que esteja em todas as camadas do clube poderá facilitar a inclusão destes atletas no profissional.
Olheiros espalhados pelo estado poderiam fazer o serviço de garimpar atletas e colocá-los no clube. Podendo o CRB ganhar dinheiro com transferências, diferente da "mixaria" que recebe do mecanismo de solidariedade da FIFA.

Contratos profissionais

O clube precisa por cláusulas contratuais. Jogadores saem cedo dos clubes alagoanos, uns fazem testes para clubes de fora e passam e vão com a maior tranquilidade do mundo. O CRB deveria já fazer contratos profissionais e vender por valores justos, ter porcentagem dos direitos dos atletas.

Jogadores que o CRB deixou escapar

Sabemos que jogadores mudam. Uns são verdadeiros craques na base e não conseguem dar sequência no profissional, já outros são o contrário. Willian José, hoje destaque na Espanha pela Real Sociedad, declarou em entrevista que foi vendido do CRB por míseros R$ 500. 
Firmino foi para o Figueirense após passagem pelo CRB, e foi vendido para o Hoffenheim por R$ 9 milhões. Isso mostra o quanto foi perdido por não ter uma filosofia, por não ter inclusão, e por não saber utilizar os jogadores da forma correta. Vejamos então alguns jogadores que saíram cedo de Alagoas sem oportunidades reais:

Luan (Atlético/MG)
Marinho (Changchun Yatai)
Firmino (Liverpool)
Willian José (Real Sociedad)
Renato (Ceará)
Lucas Fernandes (Atlético/PR)
Otávio (Atlético/PR)
José Ivaldo (Atlético/PR)
Pepe (Besiktas)
Morais (Ferroviária)
Reinaldo (São Paulo)
Gilberto (São Paulo)
Élber (Bahia)
Ewerton (Nürnberg) - Este pertencia ao Corinthians, mas depois o Coimbra/MG o vendeu por 5,4m de euros para o Anzhi da Rússia.

Estes são alguns exemplos de jogadores que saíram cedo de Alagoas, apenas Ewerton conseguiu participar de forma frequente em elenco profissional, no ASA em 2010.

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