Um ciclo que precisa chegar ao fim

As altas taxas de impostos pagas como mandante em jogos no Rei Pelé, e ainda um aluguel "caro" que é pago nas partidas, faz cada vez mais o sonho de ter o próprio estádio se transformar em um sonho que deve ser realizado, porém, apenas para o torcedor. Nesta matéria, foi selecionada evidências de gastos que o CRB chega a ter em competições com as despesas do estádio. 


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Foto: Globo Esporte

*Matéria feita no dia 15/10/2017

Pré e Pós-reforma

Nos últimos jogos da equipe no estádio antes da reforma, é percebível que o CRB quase sempre fica com menos de 50% da renda. Por exemplo, na partida contra o rival na última rodada do estadual de 2009, a renda bruta foi de R$ 55.930,00. Mas o Galo ficou com apenas R$ 5.930,00 após vários impostos, taxas de remuneração de quadro móvel, aluguel de estádio e algumas taxas locais.
Em 2010 o Galo volta a atuar no estádio. Mas somente na Série C. A indisponibilidade de borderô dos jogos da Série C de 2009, 2010 e 2011 impossibilita um melhor aprofundamento. Mesma coisa da Série B de 2012 e anos anteriores. CBF só disponibiliza em seu site apenas de jogos de 2013 em todas as competições organizadas pela mesma.
No primeiro jogo do estádio no Campeonato Alagoano, na partida contra o Ipanema, a arrecadação foi de R$ 19.565,00. Mas a renda líquida adquirida pelo clube foi de apenas R$ 2.589,00. Ou seja, já podemos perceber que em alguns jogos, as despesas são maiores. Nos jogos com menor arrecadação, as despesas chegam a ser menores, ficando óbvio que o clube dificilmente irá ter uma renda líquida que seja mais de 50% da renda bruta.

Grandes públicos e altas despesas (2013 e 2014)

2013:

Na final deste ano do estadual, a arrecadação do Galo foi de R$ 305.750,00. Mas ainda foi descontado incríveis R$ 93.759. Podemos ver que o clube sempre irá ser "assaltado" nestes jogos. Taxas ridículas como R$ 870 em lanche, R$ 12.300 com impressão de ingressos, e pior, a taxa de dedução da ACDA que costuma ser baixa, chegou a incríveis R$ 6.562. A renda líquida do Galo foi de R$ 212.171,00.
Nas despedidas do Galo na Copa do Nordeste e na Série C, os custos também foram altos. No jogo contra o Baraúnas, despedida do Galo na Série C de 2013, a arrecadação foi de R$ 60.655,00. Já a renda líquida foi de 50%, R$ 31.262,50.
Já na Copa do Nordeste, dos R$ 11.922,00 arrecadados, foram descontados R$ 13.273,34 em despesas.
E na Copa do Brasil, no confronto diante do Botafogo, R$ 215.218,00 foram arrecadados. Mas foram descontados incríveis R$ 67.567,34 em despesas. Ou seja, nestes quatro jogos de despedida em 2013, contando estadual, Copa do Brasil, regional e nacional. Somente nestes jogos, já se foram R$ 203.992,18 só em despesas.
Imagine, caro leitor, se fosse contado todos os jogos pós-reforma de 2010 até 2017. 

2014: 

Foram quatro competições em 2014, e o maior público atingido nas quatro competições, somente na Série C não aconteceu na despedida o maior público. No estadual, 17.381 pessoas na final. No regional, 10.410 presentes nas quartas de final. Na Copa do Brasil, 17.009 na segunda fase contra o São Paulo. E na Série C, 17.247 pessoas nas quartas de final contra o Madureira. Bom, vamos analisar as rendas.
Primeiro com a final do estadual. Contra o Coruripe, R$ 202,138.00 arrecadados. Mas descontados R$ 67,826.26 em despesas. 
Na Copa do Nordeste, R$ 133,798.00 arrecadados contra o América/RN. E R$ 55,565.31 descontados em despesas.  
Já contra o São Paulo na Copa do Brasil, foram arrecadados R$ 301,810.00 na partida. Mas foram descontados R$ 88,249.37 em despesas. 
E no final do ano, na penúltima partida, mas com maior público do ano, CRB e Madureira teve R$ 212,500.00 com arrecadação. R$ 68,841.83 foram descontados em despesa.

Contado os quatro jogos, o Galo teve R$ 280,482.77 descontados na renda nestes jogos.

Pós-Copa, desvalorização do estadual e prejuízo com renda (2015-atualmente)

O Galo começou a ter prejuízo notório em alguns jogos em relação a renda. Os jogos e a renda no estadual caíram e as médias de público também, pela falta de jogos decisivos e o preço dos ingressos ter aumentado.
Vamos analisar então os cinco jogos com maior público e os cincos jogos com menores públicos de 2015 até os dias atuais.

Cinco maiores públicos

CRB 2x0 Internacional - 15.636
Arrecadação: R$ 328,602.00 Despesa: R$ 109,954.82 Renda líquida: R$ 218,647.18
CRB 1x4 CSA - 14.829
Arrecadação: R$ 329,106.00 Despesa: R$ 95,900.38 Renda líquida: R$ 233,205.62
CRB 2x0 Coruripe - 13.721
Arrecadação: R$ 284,474.00 Despesa: R$ 89,217.50 Renda líquida: R$ 195,256.50
CRB 2x1 CSA - 13.179
Arrecadação: R$ 280,400.00 Despesa: R$ 79,395.68 Renda líquida: R$ 201,004.32
CRB 2x1 CSA - 12.328
Arrecadação: R$ 257,198.00 Despesa: R$ 109,938.16 Renda líquida: R$ 147,259.84

Total:
Arrecadação: R$ 1.479.780.00 Despesa: R$ 565.406,54 Renda líquida: R$ 995.373.46

Cinco menores públicos


CRB 5x0 CEO - 1.784 presentes
Arrecadação: R$ 17,170.00 Despesa: R$ 18,677.40 Renda líquida: R$ -1,507.40
CRB 3x1 Macaé - 2.059 presentes
Arrecadação: R$ 12,467.00 Despesa: R$ 24,417.80 Renda líquida: R$ -11.950.80
CRB 1x0 CSE - 2.066 presentes
Arrecadação: R$ 12,869.00 Despesa: R$ 17,808.42 Renda líquida: R$ -4,939.42
CRB 3x0 Luverdense - 2.113 presentes
Arrecadação: R$ 12,450.00 Despesa: R$ 31,266.43 Renda líquida: R$ -18,816.43
CRB 2x0 Santa Rita - 2.199 presentes
Arrecadação: R$ 24,644.00 Despesa: R$ 23,198.42 Renda líquida: R$ 1,445.58

Total:
Arrecadação: R$ 79.600.00 Despesa: R$ 115.368,47 Renda líquida: Prejuízo de R$ 35.768.47

Estádio público e próprio, despesas quase iguais

Jogando no estádio pertencente ao governo local e também em seu próprio estádio, o Paysandu ver as rendas alterarem sempre. Por exemplo, utilizando dois públicos quase que semelhantes em partidas contra Goiás e ABC, o Paysandu arrecadou mais jogando contra o ABC na Curuzu. Claro, há o fator do preço do ingresso que contribuirá com a alta renda. 
No jogo contra o Goiás, no Mangueirão, foram arrecadados R$ 71.870.00, mas foram descontados R$ 57.947.42 em despesas.
Já no jogo contra o ABC, na Curuzu, foram arrecadados R$ 111.720.00, mas as despesas foram de R$ 47.636.69.
As equipes maiores, como o Palmeiras, por exemplo, não tem muita diferença nas despesas. Seja em jogos no Pacaembu ou Allianz Parque, as despesas chegam a incríveis R$ 400 mil. E uma renda bruta de um milhão de reais acaba ficando em R$ 600 mil.

Solução?

Alguns optam a construção de um estádio modesto. A verdade é que é preciso um grande esquema para não ter tantos gastos. É inevitável correr dos gastos. O Palmeiras fez R$ 50 milhões em renda bruta jogando como mandante em 2017 até o momento.  Já o CRB não chegou nem em R$ 2 milhões. 
A verdade é que no Rei Pelé, não pode haver mudanças em relação a ingressos, não é tão vantajoso para os sócios-torcedores. Um estádio com apenas três setores, e que se o ingresso chega a R$ 30,00, a torcida já sente no bolso. É necessária uma mudança drástica. Evitar perder tanto. Como foi mostrado numa lista mais a cima no texto, dos cinco maiores públicos, o clube teve um gasto de R$ 565 mil de despesas. Isto contando apenas cinco jogos de mais de cem disputados nos últimos anos. 
Mesmo com um novo estádio, as despesas do Palmeiras continuam as mesmas, mas não paga mais aluguel, e convenhamos, o que é pago de aluguel no Estádio Rei Pelé já poderia ser gasto nas instalações de um novo estádio, como por exemplo manter a grama 100%, etc.
Um novo estádio com mais setores, ajudando a classe mais pobre, pagando ingresso mais barato, etc. Deve ser bem planejado. Jogar no Rei Pelé não dá mais.

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